Prof. Luciano Queiroz (UFCG- Resistência/PSOL)
Independente
de qualquer religião, quando se fala em Deus (es), pressupõe-se que se trata de
uma entidade metafísica a quem muitas pessoas acreditam condutora de seu
destino histórico. No caso de cristãos, espera-se que se cumpram junto a ele, dois
grandes mandamentos: 1º) amar a Deus sobre todas as coisas e 2º) amar ao
próximo como a si mesmo. Isso se aprende já nos tempos da Primeira Eucaristia,
no caso do catolicismo. Se Deus é o pai, o criador, o onipresente, dele se
espera amor, cuidado, proteção, solidariedade, respeito.
Contudo,
na boca de alguns pastores, como André Valadão, Deus deve ser a representação
do castigo, da punição, da seletividade classificatória da espécie humana e, no
limite... da MORTE! Esse Deus possui uma encarnação mais fascista que cristã,
mais fundamentalista, que religioso.
Um
Deus que se apresenta aos templos-mercadorias pelos gritos estonteantes de
alguns pastores, que procuram em nome divino eliminar da terra uma parte
humana, não pode ser o Deus do mandamento do amor ao próximo. É o Deus que
serve para afortunar uma elite empresarial da fé, controladora de bancadas
políticas, de meios de comunicação e dos dízimos de um rebanho bastante
consistente. Esse Deus tem a dupla face do capitalismo e do fundamentalismo, da
mercantilização da fé e da instrumentalização política da ideologia.
As
LBBTQIAP+ são seres humanos, portadores de direitos e de muito respeito. Chega
de, em nome da liberdade de expressão, atirar fraseologias que as associam ao
pecado, à doença e ao crime. São formas de viver suas identidades de gênero e
orientação sexual de forma diferente do padrão normativo do patriarcado heterossexista.
Nem melhor, nem pior, apenas diferente. Não existe “A” FAMÍLIA, mas AS FAMÍLIAS
e assim que deve ser.
Gritos
condenatórios de alguns pastores não mais intimidam a multidão que já saiu do
armário para as ruas e não teme condenações moralistas com coloração
fascistoide de eliminação das diferenças. A luta é contra o Neofascismo e as
LGBTQIAP+ não recuarão mais um passo que seja. Depois das urnas e dos
tribunais, precisamos derrotar essa extrema direita que continua viva e
contando com cultos fortalecedores.
André
Valadão e sua turma precisa urgentemente ser responsabilizado. Precisa ler
direitinho a Bíblia e procurar entender que se Deus é o criador do mundo e dos
homens ele não iria, nem deveria, aceitar os filhos heterossexuais e matar as
filhas (os) lgbts. Muito menos Jesus Cristo faria isso, a julgar pelo que ele
fez no interior do todo poderoso Império Romano andando com pobres, prostitutas,
doentes, sendo preso, torturado e antes da morte, perdoando seus
crucificadores.
Talvez
estivesse na hora do Deus do amor enviar o mais urgente possível Jesus para
terra, com direito a uma passadinha inicial pelo Brasil. Mas não era para realizar
o juízo final. Pelo contrário, era para chamar a atenção de falsos pastores que
usam o nome de Deus e de Cristo para não pagarem impostos ao Estado, enganarem parte
da população com cobranças de dízimos altíssimos e tomar satisfação a respeito
dessa ideia de matar LGBTQIAP+. E depois fechar aqueles templos que não sigam
as lições do amor ao próximo e ameaçam com fundamentalismo religioso.
Depois
Jesus pode subir novamente que a vida na terra continuará com profundo respeito
às mais variadas formas de viver nesse planeta azul... e COLORIDO!!!!.