Prof. Dr. José Luciano de Queiroz Aires (UFCG)
Um
grupo de extrema direita acaba de me expulsar de um grupo no facebook intitulado Universidade Federal
de Campina Grande. E por que censurado, calado, expulso? Vamos ao fio da meada.
Tudo
começou durante a greve docente nas universidades federais quando eu comecei
postar notícias, imagens e informações do nosso movimento. Como eles eram
contra a greve e contra o nosso sindicato (ADUFCG/ANDES), aproveitaram para
desqualificar alguns docentes e o próprio sindicato, destilando ódio e
fraseologias de ataques pessoais do mais baixo nível. Na época, a Assembleia da
Categoria Docente, aprovou uma moção de repúdio aos ataques vindo de um pequeno
grupo de estudantes e até professores.
Acabada
a greve, continuei postando várias matérias que julgo necessárias para a
leitura e conhecimento a fim de que possam propiciar o debate. A cada postagem,
não era apenas o conteúdo que era atacado, mas a minha própria pessoa. Isso é o
de menos, já que não me incomoda esse tipo de atitude que considero de baixa
qualidade. Aliás, nunca respondi nenhuma das agressões, justamente por não
concordar com a metodologia de atacar a honra pessoal de alguém, quando não se concorda
com as ideias que ele defende.
Mas,
a greve era apenas a ponta do iceberg. Um pequeno grupo, num coletivo de mais
de 22 mil pessoas, demonstrou intolerância exacerbada contra qualquer texto
compartilhado que tivesse a cor vermelha das ideologias de esquerda. Os mais
atacados foram:
1)
Marx, Engels e o Marxismo= aliás, não
foi a obra deles, objeto de questionamento, até porque ler Marx é coisa para
gente grande e não para quem repete jargão do tipo “Marx não trabalhava e era
sustentado por Engels”;
2)
Jean Willis= repudiado inclusive por ter
tirado uma fotografia comigo;
3)
O MST= desqualificado enquanto um movimento
de trabalhadores e representado pelo viés negativo do estereótipo do
banditismo;
4)
Cuba= Não se aguentava ler que a ilha de
Fidel tem uma das melhores medicina do mundo, erradicou o analfabetismo e a
mortalidade infantil e zerou a transmissão do vírus do HIV de mãe para o filho recém-nascido;
contra isso repetia-se o jargão de que “Fidel e Guevara assassinaram
homossexuais”;
5)
Universidade pública gratuita e com
inclusão social. Defendia-se a tal da meritocracia e, em alguns casos, a
privatização;
Sabemos que esse grupo não é fato
isolado. É parte de onda crescente de fundamentalismo e comportamento fascista
que se apresenta nos domingos nas ruas brasileiras vestidos de verde-amarelo.
De uma fracção de classe média batedora de panela que odeia pobre, preto, índio e
camponês. Que não precisa de restaurante universitário, nem transporte público.
Não é a toa que esse grupo do facebook
UFCG sempre rebatia minhas postagens elevando ao pedestal de ícone da política brasileira,
ninguém mais do que Jair Bolsonaro. Isso mesmo, o símbolo mor dessa juventude.
Resta dizer que Bolsonaro é mais do que ele mesmo, é parte de uma bancada fundamentalista,
racista, machista, homofóbica, intolerante religiosamente e partidária da volta
da ditadura. Pior ainda é saber que tem estudante de História que segue esse
tipo de ideologia.
Durante o período em que estive no
grupo UFCG não agredi a honra pessoal de ninguém, nem respondi, agressivamente,
comentários que me agrediram. Comportei-me de acordo com as regras do grupo,
compartilhando textos que não ofendiam a ética nem a moral dos membros do
mesmo. Sinto muito mais pelo gesto da censura, da exclusão e do cerceamento à
liberdade de expressão, pois entendo essa tomada de decisão como um gesto que
fere as regras da nossa já capenga Democracia. Aliás, um gesto muito em moda no
Brasil atual, antidemocrático. Perde a Democracia. Ou não?
Campina Grande, 11 de Janeiro de
2016.
Prof. Dr. José Luciano de Queiroz
Aires